1. Segurança de fachada ou blindagem real? O teste definitivo para sua VPN
Nem todo túnel criptografado é realmente seguro. E nem toda VPN protege como se imagina. Enquanto muitas empresas tratam a VPN como sua principal barreira no acesso remoto, a superfície de ataque continua se expandindo.
De acordo com relatório recente da Orange Cyberdefense, um volume significativo das CVE exploradas em 2024 envolveu falhas em tecnologias de conectividade segura, incluindo diversas soluções de VPN. O problema, no entanto, raramente está na tecnologia em si, mas na forma como é implementada: protocolos desatualizados, autenticação frágil e manutenção negligenciada ainda são comuns.
A vulnerabilidade, portanto, não está apenas no que a VPN protege, mas no que ela deixa passar, seja por confiança excessiva, falta de visibilidade ou políticas mal aplicadas.
Neste artigo, vamos direto ao ponto: quais protocolos ainda fazem sentido atualmente, o que observar nas configurações e no monitoramento, e por que nenhuma VPN corporativa deveria operar de forma isolada.
Vamos lá!
2. Protocolos e autenticação: onde a maioria erra
A segurança de uma VPN corporativa não começa quando o colaborador se conecta. Ela começa muito antes, na escolha dos protocolos e no modelo de autenticação implementados. E é justamente aí que muitas empresas, mesmo com boas intenções, escorregam.
2.1. Antes de tudo: qual tipo de VPN sua empresa usa?
Antes de falar em configurações, é fundamental entender qual modelo de VPN sua organização realmente utiliza. Essa escolha define não só o nível de exposição, mas também o grau de controle e visibilidade que a equipe de segurança tem sobre o tráfego.
- Remote Access VPN: conecta o usuário à rede da empresa, criando um túnel entre o dispositivo e os sistemas internos. É o modelo mais comum em ambientes híbridos, mas exige atenção redobrada à identidade e à autenticação;
- Site-to-Site VPN: interliga redes inteiras, como matriz e filiais, com configuração geralmente feita em roteadores ou appliances físicos. É estável e eficiente, mas depende de rotinas consistentes de atualização e aplicação de patches;
- Cloud VPN (ou VPNaaS): hospedada na nuvem, ideal para ambientes multicloud e integrações com diretórios corporativos, como Azure AD e Okta. Traz escalabilidade e facilidade de gestão, mas requer configuração precisa de políticas de acesso e autenticação federada.
Entender onde sua empresa se posiciona entre esses modelos é o primeiro passo para fortalecer a arquitetura de segurança sem perder desempenho.
2.2. Protocolos e autenticação segura: o que usar e o que evitar
Muitas falhas em VPNs não acontecem por falta de criptografia, mas por escolhas técnicas que ficaram no passado. Atualmente, não faz sentido manter protocolos obsoletos ou autenticações baseadas apenas em senha.
Confira os protocolos mais recomendados hoje:
- OpenVPN: referência consolidada, auditada e compatível com praticamente todos os sistemas. Suporte a TLS 1.3 e criptografia forte (AES-256);
- WireGuard: mais leve e rápido, com código enxuto e criptografia moderna (ChaCha20). Vale lembrar, porém, que seu suporte nativo ainda não está disponível em todos os appliances corporativos; muitos NGFWs (Next-Generation Firewall) continuam priorizando IKEv2/IPsec;
- IKEv2/IPsec: excelente para mobilidade, suporta reconexão automática e oferece segurança robusta quando configurado com parâmetros atualizados.
E os protocolos desaconselhados ou que exigem atenção são:
- PPTP: considerado inseguro há anos, sem suporte a criptografia moderna;
- L2TP/IPsec: não é inseguro por padrão, mas pode se tornar vulnerável quando configurado com chaves fracas ou parâmetros antigos. É recomendável atualizá-lo para conjuntos modernos de criptografia, como AES-256, SHA-2, e certificados válidos.
Na autenticação, o erro mais recorrente é confiar exclusivamente em login e senha. Mesmo credenciais complexas podem ser comprometidas por automações, phishing ou vazamentos. O padrão atual é autenticação multifatorial (MFA) robusta, com métodos resistentes a phishing e interceptação, como:
- TOTP (Time-based One-Time Password): eficaz e amplamente compatível;
- Push seguro com validação contextual: vincula a tentativa de login a um dispositivo e local específicos;
- FIDO2 ou chaves físicas: o método mais resistente a ataques de engenharia social.
E vale um alerta importante: o uso de SMS como segundo fator é considerado fraco por órgãos como o NIST (National Institute of Standards and Technology) e a ENISA (European Union Agency for Cybersecurity). Isso porque o canal SMS é vulnerável a ataques de interceptação e SIM swapping (quando o invasor transfere o número da vítima para outro chip para capturar códigos).
Mesmo com protocolos modernos e MFA robusta, a segurança da VPN pode ruir se houver falhas operacionais. Por isso, no próximo tópico, vamos mostrar como vulnerabilidades exploradas em soluções conhecidas, bem como erros de rotina, transformam uma conexão legítima em um risco real.
3. Falhas que transformam VPNs em vulnerabilidades
À primeira vista, uma VPN corporativa pode parecer estar cumprindo seu papel: conexão estabelecida, tráfego criptografado, tudo funcionando. Mas, em muitos casos, o que existe é uma camada de proteção superficial, com configurações frágeis, atualizações atrasadas e pouca visibilidade operacional.
Soluções de VPN continuam entre os alvos mais explorados por cibercriminosos. Segundo o catálogo KEV (Known Exploited Vulnerabilities), mantido pela CISA (Cybersecurity and Infrastructure Security Agency), mais de 90% das explorações conhecidas envolvem falhas para as quais já existiam correções, mas que não foram aplicadas.
Mas o problema não se limita aos fornecedores: grande parte das brechas surge de práticas internas. Entre os erros mais frequentes estão:
- Credential stuffing: uso de logins e senhas vazadas de outros serviços em ambientes sem MFA;
- MFA fatigue: envio repetitivo de notificações de autenticação até que o usuário aceite por engano ou desgaste;
- Configurações frágeis: split tunneling irrestrito, ausência de logs e políticas permissivas de acesso;
- Acessos esquecidos: contas ativas mesmo após desligamentos ou mudanças de função.
Essas falhas operacionais são tão perigosas quanto vulnerabilidades técnicas. Uma política de segurança inconsistente ou a falta de monitoramento contínuo pode tornar a VPN um ponto de entrada privilegiado para ataques, em vez de uma barreira.
É por isso que o foco precisa ir além do túnel seguro: é fundamental adotar camadas complementares de validação, segmentação e resposta rápida, capazes de reduzir o impacto mesmo quando uma credencial ou endpoint é comprometido.
Pensando nisso, no próximo tópico, veremos como essas camadas extras, de Zero Trust ao EDR, elevam a proteção de uma VPN tradicional a um novo patamar de resiliência.
4. Camadas extras: por que só a VPN não basta
A VPN continua sendo uma peça importante na proteção das conexões remotas. Mas, confiar apenas nela é como trancar a porta da frente e deixar as janelas abertas.
Mesmo criptografando o tráfego, a VPN não impede o roubo de credenciais, o sequestro de sessões ou o abuso de permissões internas. É por isso que, em 2025, a segurança real começa além do túnel, com validação contínua, segmentação e visibilidade.
4.1. Proteções complementares essenciais
Para manter o acesso remoto seguro em ambientes distribuídos e altamente dinâmicos, é preciso adotar camadas adicionais de segurança que atuem de forma integrada à VPN. Entre as mais relevantes estão:
- Zero Trust Network Access (ZTNA): redefine o acesso remoto, partindo do princípio de que nenhuma conexão é confiável por padrão. A autenticação é contínua e baseada em identidade, dispositivo e contexto. Segundo o Gartner, em artigo da Zscaler, até 2025, 70% das organizações que utilizam VPN migrarão para modelos ZTNA ou híbridos, reforçando essa tendência como o novo padrão de mercado;
- MFA robusto e à prova de phishing: segundo fator não pode ser apenas um token por SMS. Métodos como push autenticado por aplicativo, chaves FIDO2 e validações contextuais oferecem defesas reais contra ataques de engenharia social e interceptação;
- Gestão de privilégios e segmentação: aplicar o princípio do privilégio mínimo é essencial para reduzir o impacto de um eventual comprometimento. Cada acesso deve ser temporário, revisado e rastreável;
- Proteção de endpoints com EDR: os dispositivos dos usuários seguem sendo um dos elos mais visados. Soluções de detecção e resposta (EDR) monitoram e isolam comportamentos suspeitos em tempo real, reduzindo o risco de propagação lateral.
Essas medidas não substituem a VPN: elas a fortalecem. A criptografia do túnel continua importante, mas só é eficaz se o que está nas pontas for igualmente confiável e monitorado.
4.2. Como a Skyone atua na prática?
Na Skyone, encaramos a cibersegurança como uma arquitetura adaptável, capaz de evoluir junto com os ambientes e as ameaças. Esse conceito se materializa em soluções integradas, como:
- Cloud Connect: autenticação baseada em certificados digitais, eliminando senhas e reduzindo drasticamente o risco de credenciais vazadas. Permite revogação imediata em caso de comprometimento;
- Autosky: incorpora validação contínua e princípios Zero Trust, garantindo que cada sessão seja autenticada e contextualizada, com segmentação dinâmica e monitoramento constante;
- SOC Skyone: oferece visibilidade e inteligência de segurança em tempo real, correlacionando eventos e reduzindo o MTTR (Mean Time to Respond), o que melhora significativamente a postura de conformidade com LGPD e GDPR.
Mais do que camadas isoladas, essas soluções formam um ecossistema de segurança unificado, que protege o acesso remoto sem prejudicar a agilidade da operação. E essa integração é ainda mais poderosa quando acompanhada por monitoramento contínuo e conformidade ativa, como veremos a seguir!
5. Monitoramento e conformidade é segurança que não dorme
Mesmo com protocolos modernos e camadas adicionais de proteção, nenhum ambiente é realmente seguro sem monitoramento constante e resposta contínua. O que não é observado, inevitavelmente, se torna uma brecha.
Monitorar vai muito além de verificar se a VPN está “ativa”. O verdadeiro foco deve estar no comportamento dos acessos, nas anomalias que revelam riscos reais, como:
- Tentativas de login fora do padrão, em horários ou regiões incomuns;
- Dispositivos ou IPs desconhecidos tentando acessar sistemas sensíveis;
- Tráfego anômalo em conexões específicas, indicando possíveis exfiltrações de dados;
- Falhas de autenticação recorrentes, que podem sinalizar ataques automatizados ou credential stuffing.
Esses sinais ganham significado quando correlacionados dentro de soluções como SIEM (Security Information and Event Management) e SOC (Security Operations Center), que permitem:
- Unificar e cruzar eventos entre múltiplas fontes (VPN, endpoints, nuvem, identidades);
- Aplicar inteligência de ameaças em tempo real para detectar padrões suspeitos;
- Gerar alertas acionáveis com base em contexto, priorizando o que realmente importa;
- Reduzir o MTTR, ou seja, o tempo médio entre a detecção e a mitigação de um incidente.
Essa visibilidade contínua não apenas eleva a eficácia operacional, mas também melhora a postura de conformidade com regulações como LGPD e GDPR, que exigem rastreabilidade e controle ativo sobre dados pessoais e acessos. Para atender a esses requisitos, as boas práticas incluem:
- Manter logs completos, protegidos e auditáveis, registrando horários, origens e identidades de acesso;
- Garantir rastreabilidade e accountability, assegurando que cada conexão possa ser validada e justificada;
- Aplicar anonimização ou pseudonimização sempre que possível, embaralhando dados pessoais nos registros para evitar exposição, sem comprometer a utilidade para auditorias e investigações.
Essas práticas fortalecem tanto a capacidade de resposta quanto a confiança organizacional. Demonstram maturidade técnica, responsabilidade com os dados e comprometimento com uma cultura de segurança contínua — valores que hoje são diferenciais competitivos claros no mercado.
Chegou até aqui e quer entender como sua empresa pode alcançar esse nível de visibilidade, proteção e conformidade sem engessar a operação? Fale com um especialista Skyone! Estamos prontos para mostrar como nossas soluções de monitoramento inteligente e conformidade integrada ajudam a transformar a VPN em parte de uma estratégia de segurança realmente viva, proativa e adaptável.
FAQ: perguntas frequentes sobre secure VPN e trabalho remoto
Mesmo com o avanço de novas abordagens de acesso remoto, a VPN ainda levanta dúvidas importantes, principalmente quando o assunto é segurança, autenticação e compatibilidade com modelos modernos como o Zero Trust.
A seguir, reunimos respostas diretas e atualizadas para as principais perguntas sobre Secure VPN no contexto corporativo.
1) OpenVPN, WireGuard ou IKEv2: qual protocolo devo usar?
Depende do cenário e da infraestrutura. Cada protocolo tem seu ponto forte:
- WireGuard: mais leve e rápido, com código enxuto e criptografia moderna (ChaCha20). Ideal para dispositivos móveis e conexões com alta variação de latência. No entanto, ainda não possui suporte nativo em todos os appliances corporativos; muitos NGFWs continuam priorizando o IKEv2/IPsec;
- OpenVPN: amplamente compatível, flexível e maduro, com suporte a TLS 1.3 e criptografia forte (AES-256). É a escolha mais equilibrada para quem precisa de estabilidade e auditabilidade;
- IKEv2: excelente para mobilidade e estabilidade em redes instáveis, com reconexão automática e ampla adoção em ambientes corporativos.
Em resumo: OpenVPN e IKEv2 são os mais maduros para uso empresarial, enquanto o WireGuard é uma ótima aposta para ambientes modernos, desde que compatibilidade e suporte sejam garantidos.
2) Ainda posso usar SMS como segundo fator?
Tecnicamente, sim, mas é fortemente desaconselhado. O SMS é vulnerável a ataques de interceptação e SIM swapping, quando o invasor transfere o número da vítima para outro chip e passa a receber os códigos de autenticação.
Órgãos como o NIST e a ENISA classificam o SMS como um segundo fator fraco, inadequado para contextos corporativos sensíveis. Em seu lugar, prefira usar:
- Push autenticado por aplicativo (como Okta Verify, Microsoft Authenticator ou Duo Mobile);
- Códigos temporários (TOTP);
- Chaves físicas ou padrões FIDO2, mais resistentes a phishing e interceptação.
3) Como saber se minha VPN está sendo explorada?
Alguns sinais indicam que a VPN pode estar comprometida ou sob ataque, como:
- Tentativas de login múltiplas e falhas vindas de regiões incomuns;
- Sessões simultâneas do mesmo usuário em locais diferentes;
- Tráfego anômalo ou volume incomum em conexões específicas;
- Dispositivos novos tentando se conectar sem autorização;
- Alertas de vulnerabilidades conhecidas (CVE) não corrigidas em appliances ou servidores VPN.
Dica: integrar a VPN a soluções como SIEM e SOC permite correlacionar eventos, aplicar inteligência de ameaças e reduzir drasticamente o MTTR (Mean Time to Respond), transformando sinais isolados em alertas contextualizados e acionáveis.
4) É seguro acessar SaaS sem VPN?
Sim, desde que o acesso seja controlado e validado por políticas de identidade seguras. Aplicações SaaS modernas não exigem VPN, mas isso só é seguro se houver:
- Autenticação multifatorial (MFA) robusta;
- Integração com SSO (Single Sign-On) para centralizar identidades e reduzir superfícies de ataque;
- Uso de CASB (Cloud Access Security Broker) para governar o tráfego entre usuários e aplicações em nuvem, aplicando políticas de visibilidade e compliance;
- Monitoramento contínuo de comportamento de usuários e dispositivos.
Para sistemas legados ou dados críticos, a VPN e a segmentação de acesso ainda são essenciais, especialmente quando não há suporte nativo a autenticação moderna ou logs detalhados.
5) A VPN substitui a abordagem Zero Trust?
Não. VPN e Zero Trust (ZTNA) cumprem papéis diferentes, mas complementares. A VPN cria um túnel criptografado entre usuário e rede, mas não valida continuamente o contexto, o dispositivo ou o comportamento do acesso. Já o ZTNA parte do princípio de que nenhuma conexão é confiável por padrão, aplicando validações dinâmicas a cada solicitação.
O ideal é combinar as duas abordagens: usar a VPN para proteger o canal de comunicação e o ZTNA para validar continuamente o acesso, reduzindo privilégios e ampliando o controle contextual.