De reativo a preditivo: o que muda com a chegada do AIOps nas operações de TI?

1. Introdução 

No mundo da TI, nem sempre o maior problema é a falha em si. Muitas vezes, é o tempo que se perde até percebê-la.

Ambientes mais distribuídos, sistemas interdependentes e dados em constante movimento tornaram a operação mais complexa. E manter tudo sob controle passou a exigir mais do que esforço humano: exige inteligência.

Segundo a Gartner, a urgência por automação é clara: até 2026, 30% das empresas automatizarão mais da metade de suas atividades de rede, um movimento impulsionado pela necessidade de mais eficiência e capacidade preditiva.

E o mercado reflete essa urgência: segundo a Fortune Business Insights, o setor de AIOps foi avaliado em US$ 5.3 bilhões em 2024 e tem projeção de alcançar US$ 44.1 bilhões até 2034, um crescimento impulsionado pela necessidade de automação e análise em tempo real.

É nesse cenário que o AIOps começa a ganhar protagonismo. A sigla representa uma abordagem que une dados, automação e aprendizado de máquina para entregar à TI o que ela mais precisa: a capacidade de agir antes que o problema chegue.

Neste artigo, vamos explorar como o AIOps está transformando a lógica das operações de TI. Vamos separar mitos de realidade e apontar caminhos para quem quer evoluir com inteligência.

Boa leitura!

2. O que é AIOps e como ele funciona

AIOps é a sigla para Artificial Intelligence for IT Operations, em português, inteligência artificial aplicada às operações de TI. Embora ainda esteja em processo de amadurecimento, essa tecnologia já ocupa um lugar relevante nas conversas sobre o futuro da gestão de ambientes complexos.

O AIOps propõe uma mudança de paradigma: usar dados, automação e aprendizado de máquina para tornar a operação de TI mais inteligente e proativa. Em vez de reagir a incidentes depois que o impacto já foi sentido, a lógica é antecipar falhas, correlacionar sinais e acelerar respostas com base em padrões de comportamento.

Segundo a Gartner, mais de 40% das empresas já iniciaram alguma aplicação de AIOps, principalmente em estágios iniciais de monitoramento e análise de dados operacionais.

Mas é importante alinhar expectativas: o AIOps não é uma solução “plug and play”. Ele exige uma base sólida de dados, integração entre sistemas e, principalmente, maturidade operacional. O que vemos hoje são empresas dando os primeiros passos, testando hipóteses, avaliando cenários e aprendendo como aplicar essa inteligência ao seu contexto real.

Na prática, o AIOps já começa a ser usado em áreas como observabilidade, monitoramento e detecção de anomalias. Mas a automação plena, com respostas autônomas e decisões preditivas, ainda é um ponto em evolução, que demanda tempo e investimento para ganhar escala.

Por isso, o mais sensato é encarar o AIOps não como um destino final, mas como um novo jeito de operar a TI, que começa pequeno, mas já entrega efeitos concretos no dia a dia. É sobre isso que falamos a seguir.

3. O que muda com o AIOps nas operações de TI: funcionalidades e benefícios

Imagine um ambiente de TI com centenas de aplicações, dezenas de integrações e milhões de eventos gerados por hora. Em contextos assim, esperar que apenas seres humanos identifiquem anomalias, cruzem variáveis e tomem decisões em tempo hábil é não apenas ineficiente: é insustentável.

O AIOps vem para suprir essa lacuna. Ele muda o centro de gravidade da operação de TI: em vez de depender de processos lineares e manuais, passamos a operar com inteligência contínua, onde algoritmos absorvem sinais, correlacionam dados e sugerem ou executam ações com base em histórico, padrões e contexto.

Essa transição provoca mudanças reais no cotidiano das equipes:

  • Do alerta isolado para a gestão inteligente de sinais: o AIOps correlaciona logs, métricas, eventos e rastreamentos em tempo real, conectando causas, agrupando alertas redundantes e eliminando falsos positivos. O que antes gerava ruído, agora se transforma em foco e clareza;
  • Da reação manual para a resposta automatizada: ao detectar padrões de falhas recorrentes, o AIOps pode executar rotinas de mitigação de forma autônoma, como reiniciar um serviço, escalar um recurso ou acionar um atendimento com prioridade. Isso reduz drasticamente o KPI MTTR (Mean Time to Resolution — Tempo Médio para Resolução) e mitiga impactos para os usuários;
  • Do comportamento reativo para a inteligência preditiva: com o tempo, o AIOps aprende com o ambiente e antecipa comportamentos fora do padrão. Ele identifica, por exemplo, que determinado volume de requisições tende a sobrecarregar uma API nos próximos dias, dando à equipe a chance de agir antes que o problema aconteça;
  • Do conhecimento tácito para a inteligência distribuída: o machine learning transforma experiências isoladas em conhecimento replicável. A expertise deixa de depender apenas dos profissionais mais experientes e passa a ser aplicada por todo o time, com base em dados e padrões reais;
  • Do esforço desproporcional para o resultado mensurável: a aplicação consistente de AIOps impacta KPIs estratégicos como o KPI MTTD (Mean Time to Detect— Tempo Médio para Detectar), estabilidade dos serviços e produtividade da equipe técnica, que ganha tempo para evoluir processos, em vez de apenas apagar incêndios.

Essa nova abordagem não depende só de tecnologia, mas exige uma visão clara de onde a TI quer chegar e quais processos estão prontos para evoluir com inteligência. Vale reforçar que o AIOps não substitui a equipe: ele potencializa seu alcance, distribui conhecimento e transforma a operação em um organismo mais resiliente, conectado e estratégico.

Agora que entendemos os impactos práticos, é hora de explorar as abordagens existentes para aplicar o AIOps de forma eficiente e contextualizada. Vamos lá?

4. Tipos de AIOps: entenda as abordagens possíveis

Não existe um único caminho para aplicar AIOps. Assim como cada operação de TI tem sua arquitetura, cultura e grau de maturidade, a adoção da inteligência operacional também varia, e isso começa pela forma como o AIOps se conecta com o ambiente.

Hoje, podemos dividir essa jornada em duas abordagens principais: uma mais focada em domínios específicos, e outra com visão mais ampla e integrada. Ambas são válidas, mas partem de pontos diferentes e entregam impactos distintos.

4.1. AIOps centrado no domínio (Domain-Centric AIOps

Nesse modelo, o AIOps é implementado dentro de um contexto técnico específico, como infraestrutura, rede, banco de dados ou aplicações. Nele, a inteligência atua sobre dados operacionais de um único domínio, com foco em resolver problemas locais com agilidade.

É uma forma de colocar o AIOps para rodar sem depender de grandes reestruturações, aproveitando dados que já existem e processos que já estão em funcionamento.

Vantagens:

  • Implementação mais rápida e simples;
  • Menor dependência de integração entre sistemas;
  • Resultados visíveis no curto prazo.

Desafios:

  • Visão limitada do ambiente;
  • Risco de decisões isoladas, sem contexto global;
  • Baixa correlação entre causas e efeitos de diferentes áreas.

Esse tipo de aplicação costuma ser o ponto de partida para muitas empresas, que depois evoluem para abordagens mais amplas à medida que ganham confiança e estrutura.

4.2. AIOps independente de domínio (Domain-Agnostic AIOps)

Aqui, a proposta é mais ambiciosa: o AIOps atua de forma transversal, analisando dados de múltiplos domínios ao mesmo tempo, como redes, aplicações, infraestrutura, segurança, entre outros.

Essa abordagem permite enxergar o ambiente como um sistema interdependente, onde eventos em uma área impactam diretamente o desempenho de outras. É o modelo ideal para operações que já trabalham com uma base de dados consolidada e buscam decisões mais inteligentes e coordenadas.

Vantagens:

  • Visão holística e integrada da operação;
  • Correlação entre eventos complexos de diferentes fontes;
  • Aumento da capacidade preditiva e da automação sistêmica

Desafios:

  • Requer maior maturidade técnica e governança de dados;
  • Depende de integração entre ferramentas e equipes;
  • Complexidade maior na implementação e sustentação.

Esse é o caminho natural de evolução do AIOps, e também o que mais se aproxima da promessa de uma operação preditiva, resiliente e autônoma.

Ambas abordagens não competem entre si. Muitas vezes, o AIOps começa em um domínio específico e, à medida que os dados se integram e os times ganham confiança, evolui para uma atuação mais ampla e estratégica. Como tudo, o importante é entender o que faz sentido agora, sem perder de vista onde queremos chegar.

Na próxima seção, seguimos nessa lógica e olhamos para um conceito que está diretamente ligado à evolução do AIOps: a nova era da observabilidade em TI.

5. AIOps e o futuro da observabilidade em TI

Se antes a observabilidade era vista como uma função técnica, restrita a gráficos, logs e alertas, hoje ela ganha um papel muito mais estratégico. Isso porque a complexidade dos ambientes modernos exige também compreensão e antecipação. E é nesse ponto que o AIOps deixa de ser apenas uma ferramenta de operação, e passa a ser o “motor da observabilidade inteligente”.

Enquanto as abordagens tradicionais mostram o que está acontecendo, o AIOps ajuda a entender por que está acontecendo, qual o impacto potencial e o que pode ser feito a respeito — muitas vezes, em tempo real.

E essa transição marca o início de uma nova era para a TI, pelos seguintes motivos:

  • De monitoramento para narrativa do ambiente: a observabilidade deixa de ser uma coleta de dados brutos e passa a construir uma leitura integrada do comportamento do sistema, com conexões entre eventos, usuários e aplicações;
  • De coleta passiva para análise contextual: o AIOps permite interpretar os sinais com base em histórico, padrões e correlações, substituindo a leitura manual por um fluxo de análise contínua e orientada por machine learning;
  • De reação pontual para entendimento sistêmico: problemas deixam de ser tratados como eventos isolados. Com o AIOps, a observabilidade mostra como um erro em um serviço pode afetar toda a cadeia, da infraestrutura ao cliente final;
  • De métricas técnicas para insights de negócio: a nova geração da observabilidade conecta disponibilidade, desempenho e experiência do usuário, oferecendo insumos para decisões estratégicas, e não apenas operacionais.

Essa visão integrada é o que diferencia observabilidade vs. monitoramento. E o AIOps é o que vem tornando essa visão possível, interpretando dados em escala, entendendo o contexto e apontando o que precisa de atenção antes que vire incidente.

É importante reforçar: essa inteligência só faz sentido se houver uma base sólida de dados e objetivos claros por trás. O AIOps não transforma sozinho, mas potencializa o que a TI já construiu e acelera a maturidade de quem está pronto para evoluir.

E como sempre, nós da Skyone já estamos participando dessa jornada, porque nossa missão é ajudar a construir operações mais inteligentes, resilientes e estratégicas!

6. Onde a Skyone entra nessa conversa?

Na jornada rumo a uma operação mais inteligente, o AIOps não começa por algoritmos, e sim, por estrutura. E é aqui onde fazemos a diferença.

Com nossa plataforma de dados e integração, o Skyone Studio, habilitamos um ecossistema onde a inteligência operacional pode florescer. Conectamos aplicações, centralizamos informações e criamos fluxos que transformam dados brutos em decisões contextualizadas, em tempo real.

Em outras palavras, começamos pela arquitetura certa. Ao estruturar ambientes com lakehouse, automações com agentes de IA e integrações padronizadas via iPaaS, criamos as condições necessárias para que modelos de AIOps possam ser aplicados com segurança, contexto e escala.

Nosso propósito é destravar a evolução digital, e isso inclui preparar nossos clientes para uma TI mais autônoma, preditiva e estratégica. Porque mais do que prever falhas, o futuro da operação está em prever valor. E isso, nós construímos juntos, um dado conectado por vez.

Cada empresa está em um estágio diferente. Estamos aqui para ajudar você a entender o momento da sua, identificar o que pode ser otimizado agora e preparar o terreno para o que vem depois. Se quiser conversar sobre os próximos passos da sua operação, fale com um especialista Skyone e vamos juntos pavimentar o caminho para o crescimento do seu negócio!

7. Conclusão

Falar de AIOps é falar de maturidade operacional. Mais do que aplicar inteligência artificial no monitoramento de sistemas, se trata de transformar a forma como a TI enxerga, entende e responde ao seu próprio ambiente.

Ao longo deste artigo, como toda mudança de lógica, vimos que o AIOps não é uma solução mágica nem um recurso isolado. Ele começa com dados conectados, evolui com aprendizado contínuo e só faz sentido quando inserido em um contexto claro, com objetivos bem definidos.

Também mostramos que não há um único caminho: o AIOps pode começar pequeno, dentro de um domínio técnico, e ganhar escala conforme a estrutura e a cultura da empresa evoluem. O importante é dar o primeiro passo com responsabilidade e visão de futuro.

Na Skyone, acreditamos que pavimentar essa jornada é tão importante quanto alcançar o destino. Por isso, nossa missão é preparar o terreno, com dados organizados, integrações eficientes e automações seguras, para que a inteligência, de fato, encontre espaço para crescer.

Que tal seguir avançando nesse tema? Recomendamos a leitura do artigo “Como criar uma estratégia de IA realista e aplicável na sua empresa”, um ótimo complemento para quem quer tornar o AIOps uma realidade viável e sustentável.

FAQ: perguntas frequentes sobre AIOps

Seja por curiosidade ou por necessidade prática, entender o que é AIOps e como ele funciona na rotina de TI pode gerar algumas dúvidas, afinal, estamos falando de um conceito em evolução, mas que já começa a entregar valor real.

A seguir, respondemos às perguntas mais frequentes para ajudar você a entender o conceito, seu papel nas operações e seu estágio atual de adoção no mercado.

1) O que é AIOps e qual seu papel nas operações de TI?

AIOps (Artificial Intelligence for IT Operations) é o uso de inteligência artificial e machine learning para automatizar, analisar e tornar as operações de TI mais inteligentes. Seu papel é antecipar falhas, correlacionar sinais dispersos e acelerar respostas com base em dados, reduzindo o tempo de detecção e resolução de incidentes, além de aumentar a eficiência e a estabilidade dos sistemas.

Embora já traga ganhos reais em monitoramento e observabilidade para TI, o AIOps ainda está em evolução. Isso porque sua aplicação mais avançada, com decisões totalmente autônomas e respostas preditivas, exige maturidade técnica, integração entre sistemas e uma base robusta de dados confiáveis.

2) O AIOps substitui as equipes de TI?

Não. O AIOps não vem para substituir profissionais de TI, mas para ampliar suas capacidades. Ao assumir tarefas repetitivas, correlacionar dados em escala e sugerir ações com base em padrões, ele libera os times para se concentrarem em decisões estratégicas, inovação e melhoria contínua.

Na prática, o AIOps atua como um parceiro inteligente da equipe, distribuindo conhecimento e elevando o nível de resposta da operação. Ainda assim, sua eficácia depende diretamente da atuação humana, tanto na configuração e supervisão, quanto na evolução dos modelos aplicados.

3) Qual a diferença entre AIOps e ferramentas tradicionais de monitoramento?

O AIOps vai além do monitoramento tradicional ao usar inteligência artificial para interpretar dados em tempo real, correlacionar eventos de múltiplas fontes e sugerir (ou até executar) ações automaticamente.

Enquanto o monitoramento convencional mostra o que está acontecendo, o AIOps busca entender o porquê, prever o que pode acontecer e agir com base nesse contexto. É uma evolução da observabilidade que transforma sinais em decisões operacionais mais inteligentes.

Autor

  • Luiz Eduardo Severino

    Apaixonado por inteligência artificial e suas aplicações no mundo real, Severino explora como a IA pode transformar negócios e impulsionar a inovação. No blog da Skyone, ele desmistifica tendências, explica conceitos avançados e mostra o impacto prático da IA nas empresas.

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