Zero Trust: uma nova abordagem para a segurança da informação

Atualmente, as empresas estão cada vez mais imersas no universo digital.  Processos, sistemas e informações que um dia já foram “físicos” ou presenciais, hoje ficam baseados em serviços onlines  online e digitais. No entanto, junto com esse cenário, vem a necessidade de proteger dados e sistemas para garantir sua integridade. 

Ainda mais se levarmos em conta o crescente número de ataques cibernéticos. No Brasil esse cenário é grave: segundo o Relatório de Inteligência de Ameaças da NetScout, em 2023 o país foi o segundo do mundo com mais ataques hackers.

Sendo assim, novas ferramentas, tecnologias e estratégias relacionadas à cibersegurança ganham espaço no mercado corporativo. Entre as tendências de seguranças atuais está o conceito de Zero Trust, ou confiança zero.

Este modelo é baseado na filosofia de que nenhuma pessoa ou dispositivo, dentro ou fora da rede de uma organização, deve receber acesso para se conectar aos sistemas ou cargas de trabalho de TI a menos que seja explicitamente necessário. Em resumo, significa a ausência de qualquer confiança implícita.

É uma prática baseada na desconfiança contínua, mas que ajuda a mitigar riscos e pode ser crucial para qualquer organização que pretende proteger suas informações críticas contra ciberataques. 

É por isso que, neste artigo, vamos falar mais sobre esse tema relevante e que vem ganhando cada vez mais espaço. 

Boa leitura! 

O que é Zero Trust?

O termo  “Zero Trust” foi criado  em 2010, pelo analista John Kindervag, e sua definição entrou no  relatório do NSTAC, um documento de 56 páginas sobre zero trust compilado em 2021 pelo Comitê Consultivo de Telecomunicações de Segurança Nacional dos EUA.

Zero Trust é um modelo de segurança que assume que nenhum dispositivo ou usuário é confiável, independentemente de estar dentro ou fora do perímetro da rede. Isso significa que todos os acessos devem ser autenticados.

Na prática, o usuário só tem acesso àquilo que ele realmente precisa para que a empresa possa operar com o mínimo de atrito em relação aos riscos. Por isso, toda vez que for acessar dados da empresa, é necessário uma identificação do usuário e do dispositivo, facilitando assim a identificação de possíveis anomalias de acesso. 

Com uma política de zero trust é possível:

  • Registrar e fiscalizar todo o tráfego da rede corporativa;
  • Limitar e controlar os acessos à rede;
  • Verificar e proteger os recursos de rede.

Ou seja, é um framework que ajuda a criar uma abordagem estratégica contra ameaças. Empresas que implementam essa estrutura estão melhor equipadas para enfrentar desafios de segurança modernos.


Princípios fundamentais do Zero Trust

O modelo de segurança Zero Trust baseia-se em três princípios chave: verificação contínua, privilégios mínimos e segmentação de rede. Esses princípios garantem uma abordagem de segurança robusta e eficaz. Vamos ver com mais detalhes:


Verificação contínua

A verificação contínua é um dos pilares do Zero Trust. Em vez de confiar em uma autenticação única, o sistema requer validação constante da identidade dos usuários e dispositivos.

Isso significa monitorar e validar cada interação e acesso de forma contínua. Esse método reduz significativamente o risco de ataques maliciosos, pois qualquer comportamento anormal pode ser identificado e bloqueado rapidamente.

A ideia central é “nunca confiar, sempre verificar”, garantindo que cada acesso seja autenticado e autorizado em tempo real. Isso é essencial para manter a integridade e a segurança do ambiente de TI.


Privilégios mínimos

Limitar e impor estritamente o controle de acesso. 

Esse princípio tem como objetivo limitar o acesso dos usuários apenas ao necessário para suas funções. Essa abordagem reduz a exposição a dados e recursos sensíveis.

É implementado através de políticas rigorosas de controle de acesso, que garantem que os usuários tenham somente as permissões estritamente necessárias. Isso limita a superfície de ataque e minimiza os riscos associados a contas comprometidas.

Por isso, é fundamental ajustar as permissões regularmente, revisando os acessos e revogando aqueles que não são mais necessários. Isso garante que os privilegiados se mantenham apropriados e seguros.


Segmentação de rede

Em terceiro, mas não menos importante, vem a segmentação de rede, que divide a infraestrutura em segmentos menores e isolados, dificultando a movimentação lateral de ameaças. Na prática, cada segmento opera como uma unidade independente com seus próprios controles e políticas de segurança.

Isso é crucial para conter possíveis violações, impedindo que um atacante comprometa toda a rede ao acessar um único ponto. 

Além disso, segmentar a rede também facilita a aplicação de políticas de segurança específicas para diferentes tipos de dados e sistemas.


Benefícios da abordagem Zero Trust

Agora que entendemos o conceito de uma política de confiança zero, vamos ver a série de vantagens para a segurança cibernética que ela oferece. Entre os benefícios estão a proteção avançada de dados, a mitigação de riscos internos e externos, e a conformidade com regulamentações rigorosas.


Melhoria na segurança de dados

Um dos principais benefícios do modelo Zero Trust é a melhoria na segurança de dados. Ao registrar e fiscalizar todo o tráfego da rede corporativa, a abordagem Zero Trust assegura que todos os dados e recursos sejam inacessíveis por padrão, permitindo acesso apenas quando estritamente necessário. Isso impede acessos não autorizados e reduz a probabilidade de vazamento de informações sensíveis.

Além disso, a autenticação multifator e criptografia são usadas para proteger os dados em trânsito e em repouso. 

A constante verificação de identidades e dispositivos garante que somente usuários e equipamentos legitimamente autorizados possam interagir com os recursos da rede, tornando a invasão de sistemas muito mais difícil para agentes maliciosos.


Redução de riscos internos e externos

Se a segurança de dados aumenta, os riscos, por sua vez, diminuem. Com medidas rigorosas de controle de acesso, a abordagem Zero Trust limita significativamente as oportunidades para que invasores explorem a rede. 

Isso não só diminui os riscos externos, mas também os internos, já que cada usuário e dispositivo é verificado constantemente. A segmentação da rede também contribui para que ataques possam ser contidos em segmentos específicos, evitando a propagação para outras áreas.

Outra vantagem é a capacidade de detectar e responder rapidamente a ameaças. Com ferramentas de monitoramento contínuo, qualquer atividade suspeita pode ser identificada e neutralizada antes de causar danos significativos.


Conformidade com regulamentações

A abordagem Zero Trust também facilita a conformidade com regulamentações de segurança e proteção de dados, como a GDPR e a LGPD. Isso porque, ao manter controles de acesso rigorosos e registros detalhados de todas as atividades na rede, as empresas podem fornecer auditorias completas e demonstrar que estão adotando medidas adequadas para proteger informações sensíveis.

Além disso, o modelo Zero Trust garante que as políticas de segurança estejam sempre atualizadas e alinhadas com as melhores práticas do mercado. Isso não só ajuda a evitar penalidades severas associadas ao não cumprimento das normas, como também fortalece a confiança de clientes e parceiros de negócios, evidenciando um compromisso sólido com a segurança da informação.


Aumento da confiança de clientes e colaboradores

Como consequência do aumento da segurança e da diminuição de riscos, vem a confiança de clientes, parceiros comerciais e colaboradores. A abordagem Zero Trust mostra que a empresa se preocupa com a segurança das informações, o que pode ser visto como algo positivo, impactando na imagem da organização. 


Como implementar Zero Trust na sua empresa

Como as definições sugerem, Zero Trust não é uma única técnica ou produto, mas um conjunto de princípios para uma política de segurança moderna.

Implementar o modelo de segurança Zero Trust em uma empresa exige uma abordagem estruturada e planejada, considerando as especificidades do ambiente de TI e as necessidades de segurança. 

Abaixo estão as principais etapas para adotar essa estratégia com sucesso.


1. Compreenda os princípios do Zero Trust

Antes de iniciar a implementação, é crucial entender os princípios básicos do Zero Trust: “nunca confiar, sempre verificar”, segmentação de rede, controle de acesso rigoroso, e a verificação contínua de usuários e dispositivos. Essa compreensão ajudará a moldar as políticas e as tecnologias que serão aplicadas.


2. Avalie a Infraestrutura de rede e os dados

Identifique todos os ativos da empresa, incluindo usuários, dispositivos, aplicações, e dados. Mapeie como esses elementos interagem uns com os outros, destacando os fluxos de dados críticos. 

Esse mapeamento é essencial para definir quais áreas precisam de maior proteção e para implementar segmentação de rede eficaz. Além disso, identifique os pontos fracos e vulnerabilidades. A análise inicial ajuda a entender quais áreas precisam de maior proteção.


3. Defina políticas de acesso rígidas

Estabeleça políticas de acesso que garantam que os usuários e dispositivos tenham acesso apenas ao que é necessário para desempenhar suas funções. Use autenticação multifator (MFA) para verificar identidades e controle de acesso baseado em funções (RBAC) para administrar permissões de forma granular. 

Além disso, adote o Zero Trust Network Access (ZTNA) para controlar o acesso remoto. O ZTNA permite verificar continuamente as credenciais e contexto de acesso.


4. Implemente a segmentação de rede

Divida a rede em segmentos menores e isolados, garantindo que cada um tenha suas próprias políticas de segurança e controles de acesso. 

Isso impede que uma potencial violação em uma parte da rede afete outras áreas críticas. Ferramentas como microsegmentação podem ser utilizadas para proteger segmentos específicos, como ambientes de nuvem ou data centers.


5. Adote ferramentas de monitoramento e análise

Utilize soluções de monitoramento contínuo para supervisionar atividades em tempo real. Ferramentas de análise de comportamento de usuários e entidades (UEBA) podem ajudar a detectar anomalias e potenciais ameaças, enquanto sistemas de gestão de informações e eventos de segurança (SIEM) centralizam o gerenciamento de logs e incidentes.


6. Atualize e mantenha políticas de segurança

O Zero Trust não é uma implementação única, mas um processo contínuo. Revisite e atualize regularmente as políticas de segurança para garantir que estejam alinhadas com as mudanças no ambiente de TI e com as melhores práticas do setor. Realize auditorias frequentes para identificar e corrigir potenciais falhas.


7. Treine a equipe

Eduque seus funcionários sobre a importância do Zero Trust e sobre como suas atividades diárias são impactadas. Um treinamento adequado garante que todos compreendam as políticas de segurança e saibam como seguir as práticas recomendadas, desde o uso de autenticação multifator até o reconhecimento de tentativas de phishing.


8. Avalie e melhore continuamente

Após a implementação, monitore o desempenho das novas medidas de segurança e esteja preparado para realizar ajustes conforme necessário. A segurança cibernética é um campo dinâmico, e a postura Zero Trust deve evoluir com o tempo para enfrentar novas ameaças e desafios.


Desafios e considerações na implementação de Zero Trust

A implementação de uma abordagem Zero Trust pode trazer vários benefícios, mas também pode ser complexa e apresentar desafios. Vamos falar um pouco disso neste tópico. 

Primeiramente, é essencial abordar a conscientização e aceitação cultural dentro da organização. Mudanças sempre geram impacto dentro das organizações, por isso, iniciar com uma abordagem gradual e educacional pode facilitar a aceitação de novas práticas de segurança.

A integração de sistemas legados é outro ponto crítico. Essas integrações podem exigir soluções de interoperabilidade e abordagens de migração cuidadosas.

Além disso, problemas na compatibilidade de tecnologia também são comuns. Por isso, é necessário avaliar se os dispositivos e sistemas existentes podem suportar a nova arquitetura.

Outro desafio é o custo de implementação, que pode ser significativo. Novas tecnologias e ferramentas podem ser caras, por isso é importante avaliar retornos a longo prazo e justificar investimentos.


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Conclusão

Ao longo do texto vimos que o modelo de segurança Zero Trust é uma abordagem inovadora e proativa que foca na desconfiança contínua em vez da confiança implícita.

Essa metodologia exige que toda identidade, interna ou externa, seja autenticada, autorizada e validada continuamente. Com isso, minimiza-se o impacto de eventuais violações

A implementação de Zero Trust envolve uma combinação de várias ferramentas e tecnologias que, quando integradas corretamente, oferecem uma proteção robusta e abrangente para a infraestrutura de TI. 

Por isso, é essencial escolher as soluções que melhor se adequem às necessidades específicas da sua organização e garantir que todas as tecnologias estejam alinhadas para trabalhar juntas de forma eficaz.

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